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  • Thainá Carvalho
  • 22 de ago. de 2019

Protegeu os olhos com a mão. Muita luz. Pensou o que ela faria se o barco afundasse. Constatou que não sabia nadar. Duvidou que a praia mais próxima pudesse ser alcançada a nado. Imaginou que a praia mais próxima fosse tipo Cancún, cheia de hotéis. Perguntou-se se o hotel em que estava hospedada aceitava cães. Floquinho ficava muito solitário quando ela viajava. Na verdade, ela estava muito solitária. Ouviu um apito. Chegou no cais. Mas já? Mal vira a paisagem.


 
 
 
  • Thainá Carvalho
  • 18 de jun. de 2019

Por um instante, aquele banco foi o mundo. A parede estava gelada e havia um cheiro de urina no ar, mas foi romântico quando ele a viu se sentar para fumar um cigarro de desassossego. Ele se aproximou e ofereceu um dos lados do fone. Ela reclinou-se sobre o som e ele pôde sentir o farfalhar de seu cabelo sob o gorro rosa. Começaram a ouvir música de Bob Dylan. Terminaram sete anos e três meses depois. And it’s all over now, baby blue.

 
 
 
  • Thainá Carvalho
  • 18 de jun. de 2019

Olhou para o lado como se ela pudesse estar logo ali. Depois de seis anos, talvez nem a reconhecesse mais. Seriam outros os olhos, os cabelos, os gritos, os sonhos nos quais ele não cabia. E agora? Haveria espaço pra ele na vida dela? Talvez sim. De qualquer forma, a espera valia a pena. Não era como se ele estivesse fazendo alguma coisa mesmo. A vida seguia interrompida, normalmente.

 
 
 

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