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  • Thainá Carvalho

Clarice, os dinossauros


(colagem: Thainá Carvalho)

Venho me arrastando há semanas em um livro de Clarice Lispector. Claro que eu gosto de Clarice (e se eu não gostasse, não ousaria dizê-lo), mas, às vezes, o tal alto nível me cansa.

Por despeito, comecei a ler O Parque dos Dinossauros no último fim de semana. Digo por despeito porque me ofendi com esse diálogo.

Meu marido: diga um livro pra eu ler

Eu: leia o parque dos dinossauros

Meu marido: eu não, livro besta.

Eu: NÃO EXISTE ISSO DE LIVRO BESTA. A ACADEMIA INVENTOU ISSO PRA DESLEGITIMAR MUITAS OBRAS POPULARES QUE ADQUIRIRAM SUCESSO. ESSE LIVRO É UM CLÁSSICO POR UM MOTIVO. NÃO SEJA METIDO (fui bem menos eloquente e gritei muito mais).

Meu marido: apenas diga um livro pra eu ler

Eu: Antônio Prata (era um livro besta)

Fato é que li o livro inteiro em 2 dias, e ainda assisti aos dois primeiros filmes com meu marido, que deixou de ver a última temporada de A Casa de Papel para me acompanhar. E quem pode me culpar por perder completamente o foco produtivo devido a dinossauros? Certamente não Clarice. Ela mesma afirmou, em crônica, que “ser intelectual é também ter cultura, e eu sou tão má leitora que, agora, já sem pudor, digo que não tenho mesmo cultura.”

Também despudorada, digo que tudo que o que eu quero no final de um dia estressante é Miranda Priesley descendo o cacete em Anne Hathaway ou um jovem Heath Ledger cantando Can’t take my eyes off of you enquanto folheio gibis da Turma da Mônica. Com certeza comeria um miojo nesse meio, mas isso é muito Gilmore Girls/anos 2000 e aquela torta-de-batata-doce-fit-com-leite-de-castanha é tão melhor para a minha imunidade (no fundo, ou não tão no fundo assim, minhas estrias precisam de gororoba norte-americana).

De qualquer forma, se me perguntarem o que estou fazendo nessa quarentena, direi que estou revisitando clássicos de Spilberg.

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