Avaliou o silêncio deixado na casa pela partida dos filhos. Seco e incontornável, preto e branco. A companhia do marido equivalia à de uma almofada no sofá, talvez mais inútil. Ela própria sentia-se sem razão de ser. Via-se obrigada a aproveitar a liberdade de não ter grandes refeições a preparar, roupas para lavar, tarefas da escola para monitorar. Resolveu ligar para o filho. Chamou duas vezes, mas ele não atendeu. A filha também não. Já o celular do caçula parecia até estar desligado. Tentou mais uma vez, de novo e de novo, enquanto as lágrimas brotavam dos olhos.