O que é a loucura em uma realidade cada vez menos compreensível? Uma realidade tão confusa que nos incita à distância e à isenção. Buscamos a anacronia de nós mesmos, admirando um passado que ainda não entendemos inteiramente e esperando um futuro melhor.
Esse raciocínio parece destinar-se também à criação literária, enquanto Clarice é citada até a quase ressurreição e #capitu ainda é trending topics. A relevância da escrita passada não pode obliterar a literatura do aqui e do agora, como se ela não fosse boa o suficiente.
Há Lygias, Hildas e Cecílias produzindo, nesse exato momento, os textos que serão cultuados em alguma rede social futurista dos séculos próximos. Vamos olhar para essas mulheres e ver a literatura acontecendo em tempo real, além das coletâneas póstumas luxuosas de autoras que, quase sempre, foram privadas do reconhecimento em vida.
Vamos exaltar menos o passado — reconhecendo seu valor e sua importância — e ler mais o presente, o pequeno, o novo, o descoberto. Delas, especialmente delas. E o melhor é que não precisamos das tendências de mercado, das listas de best sellers e da bênção de grandes editores para sabermos o que ler. Pergunte para sua amiga. Cole naquele perfil. Divulgue aquela escritora da esquina que ousou te inspirar.
A Desvario quer fazer isso junto com você. Vamos falar das mulheres que estão trabalhando de forma independente com criação literária, da autora que precisa ser lida para poder escrever mais, da zine que está sendo vendida no sinal para deixar de ser marginal. Vamos falar das escritoras que, apesar de grandes, ainda não conseguem ser enxergadas como merecem.
Vamos buscar na loucura do nosso tempo a inspiração que precisamos para mudar o agora. Essa é a razão da Desvario.